17 de novembro de 2011

M. Hirvonen: "Sem o desastre da Subaru nunca teria chegado à Ford!"

Hoje foi o primeiro dia do resto da carreira de Mikko Hirvonen nos ralis, com a confirmação da sua passagem para a Citroen Racing, em substituição de Sébastien Ogier. Nunca foi campeão, embora haja quem diga que isso só não sucedeu porque enquanto lá andar Loeb, mais ninguém vai ter essa hipótese. Ou muito nos enganamos, ou o ano de 2012 vai clarificar esse assunto, pois muito provavelmente vamos ter Sébastien Ogier na Ford, mais motivado do que nunca para bater Sébastien Loeb. Já Mikko Hirvonen, vai continuar a ter uma carreira dourada, mas sem grande brilho... e títulos.

O jovem Hirvonen estreou-se no WRC em 2002, no Rali da Finlândia, obteve 14 vitórias, pontuou pela primeira vez na Córsega em 2003, liderou uma prova em 2005, na Acrópole, chegou ao primeiro pódio na Catalunha em 2005 e obteve a primeira vitória na Austrália em 2006. Esteve nos oito títulos de Loeb, e lutou com o finlandês várias vezes. Foi terceiro em 2006 e 2007, atrás de Loeb e Gronholm, e em 2008 e 2009, já depois da saída de Marcus Gronholm, lutou pelo campeonato com Loeb. O ano passado as coisas começaram bem, mas foram-se complicando ao longo do ano, e para isso basta recordar o terrível acidente no Rali da Finlândia. Este ano, com alguma sorte pelo meio, chegou à derradeira prova na luta pelo título, que perdeu para Loeb ainda no primeiro dia de competição.

O jovem de Kannonkosk, um pequeno lugar a 100 quilómetros de Jyvaskyla, com 1300 habitantes, onde ainda vivem a sua família e alguns amigos, vai desta forma prosseguir a carreira ao mais alto nível, e logo na equipa campeã: "Sempre que vou à Finlândia vou visitá-los. Eles sempre tentaram que o desporto automóvel por lá proliferasse através um clube local que organizava provas de autocross e de rallysprint. Acho que fui o primeiro verdadeiro piloto da vila". Olhando hoje para trás, Hirvonen considera que ter começado a fazer ralis com um carro de tração à frente "foi uma boa escola, mas sabia sempre que teria que experimentar outras coisas se quisesse progredir. Anteriormente já tinha competido com os Escort Mark I e Mark II em autocross e alguns Datsun em rallysprint, de tração traseira, e por isso, a seguir, passar para os tração à frente foi uma escolha acertada".

De 'besta' a bestial!

Mas o nome Mikko Hirvonen só salta verdadeiramente para a ribalta quando é contratado pela Subaru, a mesma marca que lhe permitiu efetuar a primeira prova de fogo como piloto profissional, mas também aquela que quase lhe roubava a hipótese de chegar onde chegou hoje. O que é que correu mal? "Não sei bem. Talvez fosse tudo demasiado grande e tivesse aparecido demasiado cedo. De repente, estava a competir com Petter Solberg, então Campeão do Mundo, e senti que estava sempre a ser comparado com ele, o que criava expectativas demasiado altas. De certo modo, a passagem pela Subaru foi um desastre, mas, por outro lado, sem a Subaru nunca teria chegado à Ford. Aprendi muito lá e mentalmente tornou-me muito mais forte", recorda. Mikko deve muito da sua carreira a Timo Jouhki. Foi este finlandês que, mais tarde, o voltou a pôr na rota das grandes equipas quando lhe arranjou um teste, onde conseguiu superiorizar-se a toda a concorrência. De repente, a sua carreira voltava a ter um ritmo alucinante. Foi convidado para fazer um rali em Itália, sempre por intermédio de Jouhki, "que também conseguiu com que o Jari Viita me emprestasse o seu carro". Sem saber muito bem como, em 2005, "de repente, tinha nas mãos um programa de seis ralis do Mundial, que culminou com um pódio na Catalunha e a oportunidade de ser piloto oficial da Ford". E, mesmo tendo como referência Marcus Gronholm, aí a mentalidade já era outra e por isso Hirvonen rapidamente percebeu que tinha mais a ganhar do que a perder ao ter um grande piloto na mesma equipa: "trabalhar com o Gronholm foi excelente, não tanto pelo que ele me ensinou, mas pela maneira como ele me foi útil. Se eu lhe perguntasse algo, ele respondia-me sempre. Tornou-me as coisas muito mais simples e só tive que ficar na sua sombra entre 2006 e 2007".

Latvala "estraga" título

Depois Gronholm retirou-se e Mikko deixou de ser uma sombra para passar a ser o centro das atenções da equipa Ford. Dessa altura, o piloto lembra-se que "senti muita pressão, mas o segundo lugar em Monte Carlo ajudou muito a ultrapassá-la. Depois a pressão passou para o lado do Jari-Matti, mesmo se confesso que fiquei nervoso quando ele ganhou a Suécia em 2008". Há dois anos, Hirvonen voltou a ser batido por Latvala, mas só na Sardenha, se bem que o facto teve consequências bem piores pois isso acabou por impossibilitá-lo de ser Campeão do Mundo: "naquela altura, as reais implicações dessa vitória nunca me passaram pela cabeça. Sempre detestei ordens e o Loeb estava 20 pontos à minha frente. Comecei o último dia a 9,9s do Jari-Matti e convencido que iria ganhar o rali, mas depois veio o pó e ele partia à minha frente e isso decidiu tudo. Mas os ralis são assim mesmo nem sempre podem correr bem!". Mas nem sempre podem correr mal, como ficou provado com a entrada com o pé direito na temporada de 2010, uma época que começou bem mas tornou-se um pequeno inferno, chegando-se a questionar a sua motivação. Este ano, venceu por duas vezes e lutou até à última prova com Loeb, mas a verdade é que as 'culpas' disso ter sucedido podem ser completamente assacadas à Citroen, que não geriu bem os seus dois pilotos internamente, e esta contratação de Hirvonen é claramente a sua resposta para por a 'casa em ordem'. Sébastien Loeb será o líder da equipa e Mikko Hirvonen vai ajudar a conquistar mais títulos, de pilotos e Marcas.
Fonte: Autosport.pt

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